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Journaling. A arte de escrever para conectar

Updated: Jun 27, 2022


O QUE É JOURNALING? Journaling, é uma palavra em inglês que significa, registro em diário, é o ato de escrever sobre si próprio, é uma escrita atenta e reflexiva, parecida a um diário.


Embora as pessoas tenham escrito diários por séculos, o potencial terapêutico da escrita reflexiva não chegou ao conhecimento do público até a década de 1960, quando o Dr. Ira Progoff, um psicólogo da cidade de Nova York, começou a oferecer workshops e aulas sobre o uso do que ele chamou de método do Jornal Intensivo.

E desde a decada de 60 a escrita vem sendo utilizada como recurso potente de autoconhecimento.

O potencial terapêutico acontece através da escrita livre, que pode ser leve, criativa, bagunçada, organizada, despretenciosa, tanto faz, e que funciona como uma ferramenta de auto transformação.

Ao escrever nossos pensamentos, emoções e comportamentos conseguimos nos conhecer sob uma nova ótica.





BENEFÍCIOS DA ESCRITA


James W. Pennebaker foi um psicólogo americano que estudou as maneiras pelas quais as pessoas se expressam por meio da linguagem. Ele publicou vários estudos que afirmavam que escrever sobre problemas emocionais ou uma experiência traumática levava a benefícios tanto para a saúde física quanto para a saúde mental.

Assim como o exercício e a nutrição, desenvolver nosso vocabulário emocional deve ser visto como uma forma de cuidados de saúde preventivos. Quando privamos o corpo de algo por muito tempo, nosso corpo nos mostra os efeitos dessa privação. Ficamos com fome ou cansados. Quando não comemos ou dormimos, ficamos doentes. As emoções funcionam da mesma maneira. Muitas emoções difíceis são sintomas de necessidades não atendidas mais profundamente. Se essas necessidades permanecem não expressas, elas permanecem não atendidas. Permanecer preso em um estado prolongado de ansiedade, estresse, raiva, ou outros sentimentos negativos ou emoções, pode espalhar doenças por nossas mentes, corpos e relacionamentos. É por isso que a linguagem é tão importante. A raiva, por exemplo, tem muitas causas, todas decorrentes de diferentes necessidades. A raiva pode ser a necessidade de justiça, enquanto o ressentimento pode ser a necessidade de reconhecimento, enquanto a impaciência pode ser a necessidade de certeza, enquanto a irritação pode ser a necessidade de espaço e assim por diante. É importante que tenhamos clareza sobre esse idioma *antes* de compartilhá-lo. O diário facilita nosso processamento emocional, ajudando-nos a esclarecer o que estamos sentindo. Um caderno, ou diário, é um meio paciente e neutro. Ele cria as condições perfeitas que precisamos para explorar nossos sentimentos sem ferir ou confundir ninguém enquanto procuramos as palavras certas. Acredita-se que, registrando e descrevendo os problemas mais importantes da vida de uma pessoa, pode-se entender melhor esses problemas e, eventualmente, diagnosticar problemas que decorrem deles. A escrita terapêutica tem sido usada de forma eficaz para o luto e a perda; lidar com doenças crônicas ou com risco de vida; recuperação de vícios, distúrbios alimentares e traumas; reparar casamentos problemáticos e relacionamentos familiares; aumentar as habilidades de comunicação; desenvolver uma autoestima mais saudável; obter uma melhor perspectiva sobre a vida; e esclarecer objetivos de vida.



CRIANDO CONEXÃO

Saber dizer o que queremos dizer é sem dúvida uma das habilidades de vida mais importantes que podemos desenvolver. porque? Se não soubermos dizer o que queremos dizer, não podemos ser compreendidos. Se não pudermos ser compreendidos, corremos o risco de perder uma das experiências mais importantes da vida: a conexão. Antes que possamos esperar nos conectar com os outros, devemos primeiro desenvolver a linguagem para expressar o que estamos sentindo. Há uma distinção importante entre sentir e saber o que estamos sentindo. É a diferença entre saber *que* você está comendo versus saber *o que* você está comendo. A linguagem — como a comida — é fundamental para o nosso bem-estar. As palavras são ingredientes que têm o poder de nutrir ou envenenar aqueles a quem as servimos. Isso é especialmente verdadeiro quando se trata de comunicar emoções que surgem de situações difíceis. Hoje em dia, parecemos empregar um vocabulário emocional cada vez menor. Acrescente a isso o uso desenfreado de emojis, que nos desincentivam ainda mais a encontrar as palavras certas. De muitas maneiras, a competência emocional não vem naturalmente nos dias de hoje. Como o médico de cuidados paliativos Dr. Gabor Maté escreve: "A competência emocional pressupõe capacidades muitas vezes ausentes em nossa sociedade, onde - a ausência de emoção - é a ética predominante, onde "não seja tão emocional" e "não seja tão sensível" são o que as crianças ouvem com frequência, e onde a racionalidade é geralmente considerada a antítese preferida da emotividade”.


Em nossa sociedade não somos encorajados a nos envolver com sentimentos desconfortáveis ​​ou dolorosos. Em vez de dedicar um tempo para aprender a processar e articular habilmente nossas emoções, tentamos nos livrar delas. A incapacidade resultante de comunicar o que estamos vivenciando pode ser profundamente frustrante e profundamente isolante. Todos nós queremos ser compreendidos, mas sem maneiras produtivas de nos expressarmos, voltamos às nossas respostas de ameaças cerebrais mais primitivas: lutar, fugir ou congelar.

Nosso vocabulário equivalente moderno mapeia grosseiramente esses instintos para: opressão, repressão e supressão, cada um prejudicial de maneiras diferentes. Quando pressionamos —ataque— o dano é externo. Se não podemos encontrar uma maneira de ser compreendidos, encontramos uma maneira de estar certo. Para estarmos certos, alguem precisa estar errado. Ninguém gosta de estar errado, ou ter seus sentimentos invalidados, então é provável que eles retribuam o mesmo. Como diz o ditado, "pessoas feridas machucam pessoas". É assim que uma pequena infração - ataque - rapidamente se transforma em um jogo infernal, lançando acusações e provas uns contra os outros em um jogo em que, no final, todos perdem.


Quando reprimimos nossas emoções, o dano é interno. Por exemplo, a raiva não expressa pode se transformar em depressão clínica. Também foi demonstrado que reprimir emoções fortes confunde nosso sistema imunológico a ponto de começar a nos atacar. Em outras palavras, pode causar inflamação crônica, que por sua vez, "leva a várias doenças que coletivamente representam as principais causas de incapacidade e mortalidade em todo o mundo"





Exercício de escrita : colocando em prática o journaling


Escolha uma situação do seu dia em que você quer explorar seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. É sua oportunidade de entender a si mesmo de forma mais profunda e analítica em 3 passos.



Primeiro passo : O que você está observando?


Ser afetado emocionalmente por uma experiência é uma boa indicação de que você a está julgando. Você não é mais o objetivo, o foco. Em vez disso, o foco foi colocado no outro, no seu julgamento.

Da próxima vez que você ficar chateado, tente dar um passo para trás e anote o que está observando.

O truque é ser muito específico. Você quer se concentrar na situação e não no comportamento do outro.

Você sabe realmente como o outro esta se sentindo, ou você simplesmente fez uma suposição?


Pensar sobre o que é objetivamente verdadeiro é muito antinatural para a maioria de nós.


A pergunta nos força a ficar curiosos, o que nos ajuda a passar de um estado reativo para um estado responsivo.

Isso, por sua vez, pode nos ajudar a entrar em contato com o que estamos realmente sentindo.


O que você está sentindo?

Como essa situação faz você se sentir?

Você está bravo?

Frustrado?

Com nojo?

Traído?


Tire algum tempo para explorar. Experimente as palavras e veja se elas se encaixam. Esta é uma chance de ficar íntimo com *suas* emoções.


Esta é uma distinção crítica. Não é sobre o que você acha que as outras pessoas sentem, é sobre o que você está sentindo.


Então, em vez de “sinto que eles não gostam de mim”, você quer se concentrar em como uma situação faz você se sentir “me sinto rejeitado”.

Não se preocupe se não conseguir identificar a emoção exata. O exercício é sobre flexionar seu músculo linguístico chegando o mais próximo possível da palavra. Quanto mais preciso você for na definição de seus sentimentos, melhor será a chance que você tem de trazer à tona sua necessidade.


Crie intimidade com suas emoções.





Segundo passo : O que você precisa?


Como exploramos anteriormente, muitas das emoções desafiadoras que escolhemos compartilhar vêm de alguma necessidade não atendida. Depois de obter alguma clareza sobre o que está sentindo, você pode começar a explorar o que pode precisar.

É espaço?

Proximidade?

Intimidade?

Afeição?

Nem sempre é óbvio, então brinque com isso. Escreva sobre suas necessidades até que algo dê um clique. Às vezes esse clique é alto, outras vezes é fraco. O que importa é que é um ponto de partida que pode ajudar a formular um pedido.



Terceiro Passo : Qual é o seu pedido? Se você quer compartilhar o que está sentindo, deve haver uma razão. Há algo que você quer de alguém. Qual é o resultado desejado desta conversa?

Você pode usar sua necessidade como inspiração para seu pedido. O truque é que você quer que seu pedido seja o mais específico possível. Deve ser acionável e factível. Se for vago, então é mais difícil que sua necessidade seja atendida. Por exemplo, se você precisa de espaço, tente fazer um pedido específico que envolva a outra pessoa, como “Você estaria disposto a me deixar ter as manhãs de domingo para mim, para que eu possa fazer minhas coisas sozinha?” Este pedido é enquadrado sem vergonha ou culpa. É enquadrado como um convite a um acordo, e não uma exigência. Um acordo é inclusivo, amoroso e capacita o outro a colaborar com você. O pedido claro é uma oportunidade de criar conexões íntimas e verdadeiras.




Usar esses 3 passos ajudará a criar conexão consigo mesmo, ajudará a criar intimidade com seus pensamentos, com seus sentimentos, com suas emoções e assim ficará mais fácil compreender suas atitudes.

Precisamos de intimidade com a gente, para depois conseguirmos criar intimidade com o mundo ao nosso redor.


Dizem que escrever ensina a pensar. Escrever também nos ensina a expressar o que sentimos. Em outras palavras, é a chave para saber dizer o que queremos dizer. Quando sabemos dizer o que queremos dizer, nossa comunicação se torna significativa. A comunicação significativa pode levar a relacionamentos significativos. Os relacionamentos significativos são considerados a fonte mais confiável de satisfação com a vida.



Que a escrita possibilite a você um universo imenso a ser descoberto dentro de si próprio.



Prepare um chá, um novo caderno e aproveite a jornada.


“Todos os problemas da humanidade derivam da incapacidade do homem de sentar-se calmamente em um quarto sozinho.” - Blaise Pascal




Fonte:

The Illustrated Encyclopedia of Mind-Body Medicine, The Rosen Group


bulletjournal.com

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